No consultório: A liberação fingida > Eleonora, uma psicóloga de 42 anos, orgulha-se de ser moderna e da intimidade que tem com Taís, sua filha de 18 anos. Quando a jovem começou um namoro estável, procurou a mãe para falar que gostaria de ir a um ginecologista e tomar anticoncepcionais.

Entretanto, saiu dessa conversa mais insegura do que antes. A mãe tentando se mostrar natural dizia: “Não tenho nada contra você ter relações sexuais com seu namorado, desde que esteja certa de poder assumir essa responsabilidade, de que é um namoro sério, de que tenha certeza que o ama, que ele não a esteja usando, que se o namoro terminar você não vai ficar mal, que a camisinha não vai furar, que...”

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Alguém aos 80 anos pode ter tantas certezas? E aos 18? Eleonora não quer que a filha inicie sua vida sexual, mas não percebe isso. Mesmo as mães que se consideram liberadas e viveram as transformações da década de 70, não tendo inclusive casado virgens, passam muitas vezes às filhas preconceitos moralizantes quanto ao sexo através de um discurso dúbio.

Penso então que as mães de trinta anos atrás eram menos prejudiciais nessa área. Não davam dupla mensagens. Tudo era considerado proibido mesmo e dessa forma facilitavam a opção dos jovens quanto à própria vida sexual. Seus valores eram passados com clareza e assim era fácil percebê-los como ultrapassados.

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