Século XX > O orgasmo feminino começa a ser admitido com muita cautela. A mulher que gozava sem amor era tida como ninfomaníaca, ao passo que o homem casado que frequentava os bordéis era considerado normal. A sexualidade humana é elevada a ramo legítimo das ciências humanas.

Os estudos de Wilhelm Reich (A função do orgasmo, 1927), Alfred Kinsey (Comportamento sexual do homem, 1948) e Masters e Johnson, que em 1950 observaram pela primeira vez os aparelhos genitais masculinos e femininos durante o ato sexual, e em 1966 publicaram A conduta sexual humana, lançam luz sobre o erotismo.

Agora, a mulher insatisfeita, o homem com problemas de ereção, com ejaculação precoce ou impossível, vão consultar o sexólogo: "No plano ético, ele coloca e define uma norma simples: o imperativo orgásmico, isto é, um contrato sexual recíproco do gozo que inaugura uma democracia sexual. No plano técnico, ele ensina ao paciente a autodisciplina orgásmica", escreve o historiador francês Gerard Vincent.

Masters e Johnson relatam que na década de 1950, seus pacientes eram homens preocupados com a impotência e a ejaculação precoce. A partir daí, surge um novo discurso feminino que expressa sua sexualidade e manifesta suas reclamações. Dos anos 1960 em diante, um número cada vez maior de mulheres vão consultá-los pela dificuldade ou incapacidade de atingir o orgasmo.

Trecho de O Livro de Ouro do Sexo, de Regina Navarro Lins e Flávio Braga

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