Lúcia Vânia cobra explicações sobre programa nuclear brasileiro -

Uma audiência pública conjunta das comissões de Serviços de Infraestrutura (CI), de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) foi realizada nesta quarta-feira, 23, para debater com autoridades e especialistas o programa nuclear brasileiro e a segurança das nossas usinas. Presidente da Comissão de Infraestrutura, a senadora Lúcia Vânia (PSDB), afirmou que esse debate é importante para esclarecer a sociedade brasileira sobre os riscos que corremos e o nível de segurança de que dispomos para enfrentar a eventualidade de um acidente provocado pela natureza. “Também precisamos ter a certeza de que estamos preparados para enfrentar eventuais acidentes nucleares”, destacou.

A senadora lembrou o acidente com o Césio 137, ocorrido em Goiânia, há vinte quatro anos, e ressaltou que a ameaça de um acidente radioativo no Japão despertou a preocupação da sociedade brasileira em relação ao nosso programa nuclear. Os parlamentares buscam, por meio desse debate, respostas para algumas questões: qual a tecnologia adotada, qual é a segurança de que dispomos com o uso dessa tecnologia e porque ampliar o programa de energia nuclear? “Essa apreensão tomou conta de toda a sociedade brasileira. Começaram a surgir perguntas e nós, em Goiás, de forma muito especial, queremos respostas, pois somo vítimas do Césio 137”, reiterou Lúcia Vânia.

O diretor de radioproteção e segurança nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Laércio Vinhas, afirmou que a diretoria em que ele está trabalhando realiza anualmente inspeções para verificar as condições de armazenamento do material radioativo referente ao Césio 137. “Posso assegurar à senhora, senadora, que o depósito está em perfeitas condições. Há uma série de barreiras entre o material radioativo e o meio ambiente”, explicou Vinhas.

O especialista acrescentou que sabe muito sobre o acidente com o Césio 137 porque chegou a Goiânia um mês após o ocorrido e que a CNEN demorou oito dias. “Na verdade, na noite em que tomamos conhecimentos sobre o acidente, imediatamente seguiram três técnicos para Goiânia. Após uma semana eram oito e, no pico da descontaminação, tínhamos setecentos profissionais trabalhando no local. Eu chefiava a equipe que descontaminou a rua 63. Logo depois, todos os técnicos foram descontaminar a rua 57. Participei de todo o processo. É por isso que tenho conhecimento de causa”, argumentou.

O diretor do CNEN lembrou, ainda, que o acidente em Goiânia provocou um grande aprendizado e que hoje o Brasil está muito mais bem preparado para responder a qualquer emergência, seguindo rigorosamente os protocolos recomendados pela Agência Internacional de Energia Atômica. “Intensificamos muito mais o controle sobre todas as fontes e fazemos cerca de 500 inspeções por ano. As instalações de radioterapia, de gamagrafia ou irradiadores industriais para esterilização de produtos farmacêuticos e alimentos, que são de fontes mais fortes, são visitadas e inspecionadas um vez por ano ou, na pior das hipóteses, a cada dois anos. As outras instalações de menor risco, que são empresas que utilizam pequena fonte radioativa para medir nível, essas instalações são vistoriadas, de acordo com o risco associado, a cada três ou quatro anos”, reforçou.

A audiência pública aconteceu em duas etapas. Na primeira, foram ouvidos o diretor-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, e o diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão de Energia Nuclear (CNEN), Laécio Vinhas. Já da segunda etapa, participaram os especialistas Luiz Pinguelli Rosa e Aquilino Senra Martinez.

(via assessoria)

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