No consultório: Incompatibilidades > A carta a seguir foi enviada para o meu site por uma mulher de 33 anos: “Estou num processo de separação que já dura dois anos, pois eu e meu ex-marido não conseguimos nos desligar. Nós ainda nos amamos, mas convivência é impossível devido a nossas grandes diferenças. Somos diferentes em tudo, não gostamos de nada em comum, temos opiniões conflitantes para todos os assuntos. Sei que ele não vai mudar, mas penso nele e às vezes ainda me pego sonhando em viver um casamento perfeito, como sonhava quando era adolescente. Por que ainda penso nele se racionalmente sei que é uma relação impossível?”

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Existem dois aspectos importantes nessa carta. Mesmo sendo a relação insatisfatória, a separação não deixa de ser uma experiência dolorosa, na maior parte das vezes. Desde cedo somos levados a acreditar que a vida só tem graça se tivermos um par amoroso. Por isso as pessoas se esforçam tanto e só desistem depois de fazer inúmeras concessões inúteis. Quando a frustração se torna insuportável, então se separam. É difícil porque imaginavam que através da relação amorosa se colocariam a salvo do desamparo, os dois se transformando num só.

O que fazer, então, quando as pessoas se gostam, mas são incompatíveis como as citadas acima? Para começar, não existe um único modo de relação amorosa. Pelo contrário, são inúmeras as formas de se ter uma vida afetiva e sexual com outra pessoa. A grande saída talvez seja estabelecer outro tipo de vínculo em que os dois só se encontrem quando sentirem vontade e façam apenas o que ambos desejarem, sem alimentar a idealização do par amoroso.

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