No consultório: Papo de machão > Numa noite eu andava pela minha rua, em Copacabana, quando assisti a uma cena interessante em frente ao bar. Dois rapazes conversavam na calçada, cada um com seu copo de cerveja na mão. De repente passa uma moça, com shortinho jeans e andar provocador. Sabendo que causa um certo frisson, segue em frente sem olhar para os lados. Acho que os dois amigos já estavam ali há algum tempo contando vantagens, quando um deles, não resistindo à oportunidade de aumentar seu placar, decidiu mostrar para o outro que era íntimo da moça, e então a chamou:
—Psiu!
Ela nem olhou para trás. E ele, já meio sem jeito, repetiu mais alto:
—Psiu!
Nada. Resolveu, então, apelar:
—É... Quando você quer cigarro na praia você me pede, aí fala comigo...
Não adiantou. A moça foi se afastando como se não fosse com ela.
A essas alturas, totalmente constrangido, virou-se para o amigo que aguardava atento e disse, com ar de superioridade, enquanto dava um gole na cerveja:
—Já comi...

***

O homem sofre muito na tentativa de corresponder ao ideal masculino da nossa cultura. Ele aprende desde criança que macho de verdade não falha nunca (principalmente no sexo), não recusa nenhuma mulher e é desejado por todas.

E na relação competitiva que estabelece com os amigos se esforça para manter a imagem de vencedor, escondendo sempre as dificuldades. Como a maioria dos homens mente sobre suas conquistas, cada um fica com a idéia de que, além dele, ninguém mais tem fracassos e inseguranças. Sem dúvida, o machismo é a fonte das piores angústias e o maior responsável pelos sentimentos de inferioridade entre os homens.

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