No consultório: Sedutor apavorado > Desde que Selma começou no novo emprego, Ricardo, seu colega na empresa, se aproximou dela. Durante todo um ano se insinuou, fazendo promessas veladas dos prazeres sexuais que poderiam desfrutar juntos. Ela levava na brincadeira, ria meio sem graça, porque na verdade não se sentia atraída por ele. Mas ele não desistia.

Até que se tornou mais explícito e passou a insistir para que fossem a um motel. Não perdia a oportunidade de fazer uma piadinha e lançar olhares sedutores. Selma, então, decidiu resolver a questão de uma vez por todas. Um dia, mal ele chegou, foi à sua sala dizer que desejava, naquela tarde, conferir as delícias sexuais que ele, há tanto tempo, prometia. Pronto. Era tudo o que não podia acontecer. “Não entendi nada. Ele deu uma desculpa, disse que estava cheio de serviço e nunca mais falou direito comigo. Nos tornamos dois estranhos”.

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Vivemos, sem dúvida, um momento de intensa crise da masculinidade. Os homens sempre aprenderam que deviam tomar a iniciativa da conquista amorosa e esperam que a mulher resista às suas investidas. Muitos só se sentem seguros se conduzirem todo esse jogo até o final. Do outro lado deve haver uma mulher passiva, que em algum momento cede por não resistir à sua sedução.

Mas a segurança do homem está sendo abalada. Diante dessa nova mulher desconhecida, experiente, que toma a iniciativa, ele se assusta. Imagina que vai ser avaliado, e quem sabe, comparado a outros homens. Mas não tem jeito. Há 30 anos as mulheres começaram a questionar e exigir o fim da distinção dos papéis femininos e masculinos, ocupando o espaço sempre reservado aos homens. Inclusive no sexo.

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