No século XIX houve grande repressão sexual. A linguagem sofreu rápida transformação. Palavras como suor, gravidez, sexo, foram substituídas por termos mais evasivos. Ao invés de se dizer que uma mulher estava grávida dizia-se que ela se encontrava “em estado interessante” ou que se achava em “visita interior”.

Na presença de uma criança recém-nascida, dizia-se que ela fora “descoberta debaixo de uma groselheira”. A palavra “piss (urinar), que surgiu no London Times, em 1790, foi abandonada pela imprensa vitoriana. Noah Webster, que canonizou o vocabulário americano ao compilar seu primeiro dicionário, era um grande puritano e um fanático religioso.

Alterou palavras que considerava ofensivas, por exemplo, substituindo “testículos” por “membros privativos”. As mulheres passaram a descrever o local da dor para os médicos apontando para um ponto semelhante numa boneca, de modo a não ter de fazer algum gesto deselegante ou indelicado. Qualquer parte do corpo entre o pescoço e os joelhos passou a ser chamado de “fígado”.

Trecho de O Livro do Amor, de Regina Navarro Lins. Lançamento: 2012.

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