No século XIX, qualquer marido que procurasse sexo com a esposa sem intenção de conceber filhos, a transformava em prostituta particular. Havia, no entanto, um consenso geral de que os homens não deviam impor seus desejos animais sobre as esposas além do absolutamente necessário – de preferência, uma vez por mês ou uma vez por semana, quando a situação era desesperadora, e nunca durante o período menstrual ou a gravidez.

Em resumo, o sexo com as esposas na era vitoriana tinha como ingredientes o homem cheio de remorsos e a mulher frígida. O ato sexual era composto de desejos e lágrimas, de ansiedade e sentimento de culpa.

A proibição ao prazer revela alguns casos curiosos. Num processo por crime de rapto, em 1804, Miss Rachael Lee, que havia sido violentada por dois homens, admitiu que quando a resistência se mostrou inútil, atirara para longe um amuleto, que se supunha destinado a preservar a sua castidade, e gritara:

“Agora, seja bem-vindo, Prazer!”. Em face de conduta tão chocante, o juiz absolveu sem perda de tempo os dois supostos raptores, arrancando assim altos hurras da parte dos espectadores.

Trecho de O Livro do Amor, de Regina Navarro Lins. Lançamento: 2012

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