No consultório: Dependência masculina > Sofia, uma bonita mulher de 39 anos, está casada há 18. Numa sessão de terapia contou o que tem passado com o marido acamado em casa, com uma virose que o impede de ir ao trabalho. Seguindo a recomendação médica, Alfredo passa o dia em repouso, solicitando sem trégua os cuidados da mulher.

“Desde que casamos, ele se mostra dependente de mim em vários aspectos. Nunca sabe onde guarda suas coisas nem o dia que tem que ir ao médico. Mas é a primeira vez que acontece algo como agora. Parece mentira. Além de me querer perto o tempo todo, ele exige que eu lhe dê comida na boca. Mas isso não é o pior. Quando está satisfeito, não me avisa. Faz “bruu”, soprando a comida pra todos os lados. Não sei o que pensar, parece que ele regrediu para uma fase anterior à fala.”

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Ainda persiste a ideia de que o homem evita relacionamentos íntimos, foge de compromissos, principalmente do casamento. Mas em muitos casos isso é apenas uma defesa. Entrar numa relação amorosa pode colocá-lo diante do seu próprio desamparo e do desejo de ser cuidado por uma mulher. Apesar de muitos homens, ao casar, se tornarem submissos e dependentes, há algum empenho em disfarçar.

Por isso, poucas vezes eles têm oportunidade de relaxar, de baixar a guarda. Ficar doente, mesmo sem gravidade, é um ótimo pretexto. Entregam-se despreocupados ao saudoso cuidado materno, agora exercido pela namorada ou esposa. Solicitam atenção integral e até gostam de ser tratados como bebês, embora o caso de Alfredo chegue a ser patético.

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