Orgasmo feminino na Idade Média > Para Galeno, filósofo e médico do século II, seria pela mistura do sêmen a mulher e do homem que o embrião seria concebido, então não haveria nenhuma concepção sem prazer dividido. Todo ato sexual em que a mulher não atingisse o orgasmo era um ato incompleto e deveria logicamente ser condenado pelos moralistas cristãos.

Entretanto, muitas mulheres concebiam sem prazer, fato que os confessores não podiam ignorar. No século XIII os teólogos passaram a especular sobre a existência e o papel do orgasmo e do sêmen feminino no ato sexual: a mulher deveria emitir o sêmen durante o ato? Deveriam ambos emitir o sêmen ao mesmo tempo?

Questões como estas passaram, cada vez mais, a povoar o discurso dos moralistas, prevalecendo, no conjunto, a convicção de que o sêmen feminino era se não necessário, pelo menos, importante para a concepção.

Outra dúvida, que levou a especulações, foi sobre se a esposa poderia emitir sêmen acariciando-se a si mesma, após o marido ter se retirado dela. Até mesmo os beijos e carícias nas “partes vergonhosas”, ainda violentamente proibidos no século XII, passariam a ser timidamente tolerados, a partir do século XVI, mesmo com o risco de “estimularem a polução”.

Trecho de O Livro do Amor, de Regina Navarro Lins. Lançamento: 2012

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