O prazer > Controlar os prazeres das pessoas é controlá-las. O prazer sexual, por pertencer à natureza humana e atingir a todos sem exceção, sempre foi visto como o mais perigoso de todos. É o mais controlado, portanto.

Hoje, muitos políticos se elegem investindo contra a sexualidade, prometendo lutar pela manutenção da moral tradicional, ou seja, contra o prazer. E os que, por azar, são flagrados na busca da satisfação sexual, são censurados e veem sua carreira ameaçada. Bill Clinton não foi o primeiro. Os exemplos são muitos. Por que haveria o povo de se ressentir, de se preocupar com as atividades sexuais de seus líderes?

E inversamente, na medida em que sexo dá prazer, por que desejariam os detentores do poder restringi-lo entre seus subordinados? Serão todos censores em potencial? Que haverá de errado com o prazer , se as pessoas chegarem ao trabalho na hora, obedecerem aos sinais de trânsito, aproveitarem as latas de cerveja para reciclagem e não abusarem do bem-estar e da dignidade alheia?

Como resultado do fato de não se desenvolver o prazer, a grande maioria das pessoas acaba fazendo sexo em menor quantidade e de pior qualidade do que gostaria. Não é à toa que Reich fala da miséria sexual das pessoas, porque, segundo ele, elas se desempenham sexualmente de tal modo, que se frustram durante a própria realização com uma habilidade espantosa.

Trecho do livro A Cama na Varanda, de Regina Navarro Lins

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