Stonewall: reação gay > Apesar de hoje haver mais aceitação da homossexualidade, a discriminação continua, sendo os gays hostilizados e agredidos. De acordo com o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais, foram documentados 260 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil no ano passado, 62 a mais do que o registrado em 2009.

Anos de luta conferiram aos homossexuais militantes muita experiência. Mas, em 28 de Junho de 1969, um único momento definiu a causa gay. Um clube em Greenwich Village, Nova York, EUA, o Stonewall Inn, lugar de encontro de gays, lésbicas e travestis foi invadido pela polícia. Não havia nada de especial na batida do Stonewall, a não ser que, pela primeira vez, os gays reagiram.

Os rapazes começaram a zombar dos guardas chamando-os com nomes de travestis. Alguém tentou forçar a porta com um parquímetro. Vidros foram quebrados. O fogo começou em algumas lixeiras. Os guardas introduziram uma mangueira de incêndio por uma abertura para molhar todo mundo, mas apenas um filete d’água apareceu, e novamente houve muitas risadas.

Na noite seguinte os guardas chegaram com aparato antichoque. Os gays fizeram fila, cantando e dançando. Os guardas avançaram para desmobilizar o grupo, mas quando viravam a esquina um novo grupo estava a postos. Foi uma luta sangrenta e muito pior do que a da primeira noite. Muitos passantes se feriram também.

Stonewall inspirou a criação da Frente de Libertação Gay, que seis meses mais tarde havia discursado em 175 campus universitários. A ideia da discrição homossexual começava a ruir. Um ano mais tarde, na primeira semana do Gay Pride, a primeira marcha se organiza: 15 mil gays vão de Greenwich Village até o Central Park. Logo, marchas semelhantes acontecem em São Francisco, Los Angeles e Chicago. Dez anos mais tarde a cultura gay estava implantada. As paradas gays comemorando Stonewall foram organizadas em todo o mundo.

O Gay Lib (abreviatura de Libertação Gay) cresce nos EUA, especialmente em Nova York e São Francisco. Nesta última cidade 17% da população se declara gay. É importante notar que o surgimento da pílula anticoncepcional no mesmo período vem auxiliar os argumentos a favor da homossexualidade. Se a finalidade do ato sexual não é mais a procriação, então a prática hétero e homo tem o mesmo objetivo: o prazer.

Trecho de O Livro do Amor, de Regina Navarro Lins

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