Alfabetização emocional > A comunicação amorosa é, há muito tempo, prejudicada pelo antagonismo entre os sexos. As escolas tradicionais sempre se esforçaram para ensinar aos alunos modos de ser e de se relacionar que os condicionem a se ajustar aos modelos estabelecidos. Isso implica na aceitação incondicional dos papéis até agora desempenhados por homens e mulheres.

Um artigo escrito por dois psicólogos americanos no Journal of Sex Research, analisa como os roteiros de “machos” fazem parte de uma ideologia na qual os homens são vistos como superiores às mulheres, e as emoções associadas com a masculinidade são consideradas superiores às associadas com a feminilidade.

Somente alguns tipos de sentimentos, como repulsa, raiva, desprezo, são “masculinos”, ou seja, sentimentos adequados a quem tem de dominar. Para garantir que aprendam a ser adequadamente “masculinos”, os meninos também são ensinados a desprezar e repelir as emoções “femininas” de medo e vergonha e, assim, nunca admitir que estão com medo ou errados.

Entretanto, educadores progressistas começaram pela primeira vez, nos EUA, a abordar a educação para amar, ou seja, a educação para a alfabetização emocional —, para ajudar os estudantes a aprender maneiras de ser e de se relacionar que os capacitem a se ajustarem a uma sociedade de parceria, e não de dominação. Essa educação está sendo introduzida lentamente no currículo escolar.

Há escolas que ensinam seus alunos de literatura e história a empatia através do que chamam de “monólogos interiores”, nos quais os estudantes são encorajados a pensar a partir da perspectiva dos diferentes personagens na história, na literatura e na vida. Outra escola tem como objetivo elevar o nível da competência emocional e social das crianças como parte da educação.

Como exigência para alunos do ensino médio, uma escola na Califórnia pretende estimular dimensões da inteligência quase sempre omitidas: sensibilidade em relação aos outros, autocompreensão, intuição, imaginação e conhecimento do corpo.


Trecho do livro A Cama na Varanda, de Regina Navarro Lins.

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