Contei duas sequências de "lutando na chuva", 55 casacos de pele diferentes e uns 38 nomes de estilos de kung fu em O GRANDE MESTRE, o último Wong Kar-Wai. Talvez de tanto contar, me perdi na história do fim de um clã e do surgimento de um novo mestre, Ip Man, o futuro treinador de Bruce Lee - que aliás nem é citado no filme. Kar-Wai combina à perfeição a técnica de filmagem com a técnica da luta, mostrando que naquela coreografia as pausas bruscas importam mais que os movimentos. O romance entre Ip e a herdeira dos Gong começa em pleno ar, numa das cenas de luta mais mirabolantes do filme. Mas depois a coisa se dilui como sangue na água. No fundo, é mais um exercício de estilo do que qualquer outra coisa. A impressão de vazio se propaga entre efeitos de luz e enquadramentos belíssimos. Podia ser um Poderoso Chefão de Hong Kong, mas parou na prateleira das perfumarias marciais.

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