Bertrand Tavernier, que já foi grande nos anos 1980 e bom nos 90, parece ter caído para a medianidade a partir dos 2000. O PALÁCIO FRANCÊS é baseado numa graphic novel ("Quai d'Orsay") co-escrita por um ex-diplomata e inspirou indiretamente o superior "O Exercício do Poder". Tavernier fez uma adaptação alegadamente literal dos quadrinhos, enfocando a difícil adaptação de um jovem redator de discursos aos métodos histéricos de um Ministro das Relações Exteriores (inspirado em Dominique de Villepin). As filmagens de interiores foram feitas no próprio Palácio Quai d'Orsay.
O que há de mais interessante é a sátira à política como exercício intelectual, uma particularidade muito francesa. O tal ministro toma suas decisões com base numa cornucópia de citações que vão de Heráclito a "As Pontes de Madison". Hiperativo e caricato, é ele a única fonte de expectativas da comédia, já que todos os demais personagens patinam na condição de escadas. Inclusive o redator e sua vida privada, que não conseguem se estabelecer como contraponto na dramaturgia. Assim, o filme se prolonga numa espécie de piada esticada, que faz rir eventualmente pela velocidade e absurdo de alguns diálogos, mas logo deixa claro que não irá além da charge inofensiva. Até porque o ministro, afinal, se revela um gênio da diplomacia.
P.S. A exibição no Espaço Itaú de Cinema (Rio) está escura a ponto de sugerir um filme de humor "negro".

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