YVES SAINT LAURENT cumpre o figurino das cinebiografias tradicionais: fatia a vida do biografado em momentos de sucesso e fracasso, euforia e depressão. As músicas e os cortes de cabelo e barba funcionam como marcas de cada época, pois as elipses temporais é que fazem a narrativa avançar. Entre as qualidades incontestáveis do filme de Jalil Lespert estão as atuações de Pierre Niney e Guillaume Gallienne como o casal Yves-Pierre Bergé, a reconstituição das coleções e desfiles, e a trilha sonora absorvente que vai do jazz à ópera. Entre os pontos fracos, o caráter forçosamente episódico e a ausência de referências mais sólidas à famosa coleção de arte que tanto uniu o casal. O leilão daquele acervo, logo após a morte de Yves, é rapidamente aludido no início do filme mas é o assunto principal do documentário "O Louco Amor de Yves Saint Laurent". Sem fazer justiça a esse aspecto, essa dramatização se concentra mais nos aspectos mundanos, como as perambulações afetivas e sexuais, o envolvimento com bebidas e drogas, as alterações radicais de comportamento. Mesmo assim, é uma boa pedida para uma tarde chuvosa.

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