Depois de impressionar muito bem com "Paradise Now" e aparentemente decepcionar com o thriller americano "Entrega de Risco", Hany Abu-Assad voltou à Palestina com OMAR, indicado ao Oscar de filme estrangeiro este ano. O tema agora é o destino de um brigadista palestino depois que cai nas mãos da polícia de Israel e negocia a liberdade em troca de uma promessa de colaboração. Com esses três filmes já dá pra notar que a "praia" de Abu-Assad é o gênero de ação. "Omar" se esmera nas cenas de perseguição pelas vielas da Cisjordânia, com seu atlético protagonista chegando bem próximo de um Homem-Aranha dos territórios ocupados. Mas o romance tampouco fica de fora: Omar é apaixonado por Nadia, irmã do líder do seu grupo e cortejada também por um colega. Quando sai da prisão para cumprir ou não o seu trato com o inimigo, ele enfrenta portanto uma série de questões que vão da lealdade política à amorosa. O muro da Cisjordânia aparece em sua justa função, que não é separar israelenses de árabes, mas isolar os palestinos uns dos outros e assim mantê-los menos ofensivos. O roteiro, do próprio Abu-Assad, passa uma visão urgente e dinâmica da vida no lugar, mas incorre em tantas elipses e toma caminhos tão mirabolantes que é preciso, mais que atenção, ter fé naquilo que é mostrado. Se não doura a pílula em nenhum dos dois lados, "Omar" pinta um protagonista marcadamente simpático, que faz a balança pender para o seu lado pela via da identificação pessoal, e não política.

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