Juan Orol foi uma espécie de Ed Wood do cinema mexicano. Nascido na Galícia, Espanha, radicado em Cuba e depois no México, foi boxeador, piloto, toureiro e agente secreto antes de descobrir o cinema enquanto filmava fuzilamentos para a polícia mexicana em fins dos anos 1920. Ou pelo menos é assim que o biografa o filme O FANTÁSTICO MUNDO DE JUAN OROL. A história desse prolífico produtor, roteirista, diretor e ator de melodramas, filmes de "rumberas" e de gângsteres (o film noir mexicano) é contada num misto de homenagem e sátira, bem semelhante à forma como Tim Burton biografou Ed Wood. A linguagem do filme acompanha a de cada época (mudo, PB, cor). Os clichês de gênero são sublinhados em toda sua extensão, das atuações ao estilo visual, às transições de cena, etc. Nesse tipo de reencenação, é quase impossível saber até onde vai a referência aos erros e à cafonice do passado e começam os erros e a cafonice do trabalho atual. A gente tende a relevar tudo em nome da paródia, e nisso o filme de Sebastián del Amo encontra seu charme e sua graça. De resto, há o comentário sobre as interações entre a indústria cinematográfica mexicana da Era de Ouro e os poderes político, financeiro e erótico da época. As curvas de Maria Antonieta Pons, Rosa Carmina e Mary Esquivel, algumas das estrelas-esposas de Orol, garantiam libido alta mesmo com orçamentos baixos.

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