Uma pílula sobre O HOMEM MAIS PROCURADO


Thrillers de espionagem, se não dotados de alguma potência cinematográfica especial, tendem hoje a parecer telefilmes rotineiros. É o que acontece com O HOMEM MAIS PROCURADO, que aborda os bastidores da guerra ao terror em Hamburgo. Um imigrante ilegal checheno, a chave de um cofre bancário, um agente secreto tentando fazer um serviço decente, uma advogada de direitos humanos e um atravessador de ajuda humanitária a comunidades islâmicas se cruzam numa trama de muitos diálogos, pouca ação e quase nenhuma grande surpresa. John Le Carré, autor do romance original, costuma enfatizar os quebra-cabeças cerebrais envolvendo moral pessoal e política global. Aqui não é diferente. Há questões entre pais e filhos, entre passado e presente de várias pessoas e um personagem central potencialmente intrigante, exemplarmente vivido por Philip Seymour Hoffman em uma de suas últimas atuações antes de morrer de overdose. Mas a direção convencional de Anton Corbijn não consegue explorar a contento esses meandros. O filme resulta um tanto frio e excessivamente baseado em clichês do gênero (espreitadores que nunca são notados pelos seus alvos, escutas que nunca dão ruído ou falham, gente suspeita que não toma cuidados mínimos com sua segurança). A retórica dos serviços secretos sobre "fazer do mundo um lugar mais seguro" merecia um olhar e uma crítica mais agudos do que isso.

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