GRACE, A PRINCESA DE MONACO, previsto para estrear no Brasil em janeiro, tem sido massacrado pela crítica europeia. Os alvos têm sido principalmente o miscast de Nicole Kidman e Tim Roth como o casal Rainier, a visão kitsch da realeza e a ênfase em mais uma versão da “pobre menina rica”, princesa infeliz num “reino sem coração”. Não vejo tanto problema na altura e na idade excessiva de Nicole (45) para viver Grace aos 33 anos (é bem verdade que os supercloses nela captam mais botox que emoção), mas essa é também uma exigência careta. Nem me incomoda muito a cafonice, já que a intenção é mesmo colocar em xeque uma ideia de conto de fadas, ainda que seja somente para reconfirmá-lo depois de uma maneira mais “realista”. O filme procura um visual de cinema comercial do inicio dos anos 1960 para contar o período em que Grace questiona seu casamento e sua “gaiola de ouro”, sente-se tentada a voltar a Hollywood para fazer “Marnie” mas acaba se rendendo às obrigações da corte. Afinal, Mônaco está sendo ameaçada por De Gaulle de perder sua soberania e sofrer bloqueio. Olivier Dahan (“Piaf”) e seu roteirista Arash Amel correm para fazer dela uma heroína. Com faro de detetive para descobrir uma trama de traição (acontecida 12 anos antes do que se vê no filme) e um discurso xaroposo, Grace salva Mônaco, e a verdade histórica que se dane. Foi essa desajeitada combinação de drama pessoal e intrigas políticas que mais me desagradou. Soa mal romanceado e digno de quase nenhuma credibilidade. Mas para quem gosta de folhear revistas antigas, tem lá o seu charme.

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