A asa pesada do melodrama latino-americano limita bastante o voo do colombiano KAREN CHORA NO ÔNIBUS. O filme de Gabriel Rojas Vera foi bem recebido em seu país por fugir ao padrão temático de drogas e violência. Trata da busca de emancipação de uma mulher depois de se separar do marido, disposta a "repintar" sua vida. Habituada a um razoável conforto de classe média, ela dispensa até o acolhimento da mãe para morar numa pensão fétida, pedir esmolas na rua e fazer pequenos furtos para sobreviver. É duro de engolir como desenvolvimento de personagem, por mais que a atriz Ángela Carrizosa Aparicio naturalize cada gesto e expressão. O esquematismo é abundante, desde os homens sempre machistas até os empregadores canalhas e a colega de pensão periguete que acaba se revelando uma boa amiga. Na lógica dessa dramaturgia, toda mulher tem um destino marcado por sofrimento e muitas razões para chorar no ônibus. Se Karen vai conseguir sair desse círculo é a pergunta que o filme alimenta até a sugestiva cena final.

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