Uma pílula crítica sobre SÉTIMO, com Ricardo Darín


Ricardo Darín está ficando marcado por um tipo de personagem recorrente: o homem comum estressado pelas paranoias urbanas e que por isso ultrapassa o limiar do bom comportamento. SÉTIMO é mais uma variação desse tipo: um advogado em duplo processo difícil (profissional e conjugal) que vê os dois filhos desaparecerem misteriosamente enquanto desciam as escadas do edifício onde moram. O argumento é em princípio curioso, pois encerrado no interior do prédio, como um "Janela Indiscreta" invertido. Parece haver suspeitos bastantes entre moradores e porteiro, mas também entre os envolvidos com o processo em que o advogado trabalha atualmente. O clima é bem trabalhado durante a primeira metade do filme, com tudo conspirando contra o protagonista, da lentidão do elevador antigo à gasolina do carro e a bateria do celular. Mas, como todo policial canônico, este também precisa caminhar para uma solução. É quando SÉTIMO mostra seus pés de barro. O enigma vai sendo substituído por uma trama de sequestro cada vez mais implausível, um roteiro-peneira cheio de furos e uma solução canhestra que não resiste à simples análise dos personagens. Dentro do thriller policial mora um filme de família decepcionante.

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