Mabio Coelho · @MabioCoelho
1st Dec 2014 from TwitLonger
Considerações sobre Marcos 1: #rpsp
Depois de 400 anos de silêncio profético, Deus novamente fala com o seu povo por meio de João Batista. O Evangelho de Marcos, o primeiro evangelho a ser escrito, inicia sua narrativa com o início do ministério e público começa com a frase "Princípio do evangelho de Jesus Cristo, filho de Deus" para indicar que "boa nova" (grego euaggelion, daí a palavra evangelho) sobre Jesus Cristo inicia-se com com o cumprimento das promessas do Antigo Testamento (AT) em Seu batismo.
Marcos, no original do verso 2, menciona “os profetas” sem mencionar qual. Isto é uma adição feita por tradutores, seguindo a tradição de textos latinos (traduções posteriores do grego). Nos versos 2 e 3 temos duas citações dos profetas. A primeira é de Malaquias 3:1 e a segunda de Isaías 40:3. Esta última passagem (Isaías) é entendida como uma clara referência a vida e obra de João Batista como precursor do Messias. O Evangelista Mateus também entende assim (cf. Mt 3:1-3). Esta segunda passagem, segundo estudiosos como Adam Clark e Joachim Jeremias, já era entendida historicamente pelos judeus como o trabalho dos precursores que eram enviados antes de um exército ou de um rei para desobstruir o caminho removendo-lhe os obstáculos e para servir de arauto para preparar o povo para a chegada deste rei. Ao se referir a João Batista desta maneira, automaticamente o leitor Judeu do primeiro século entendia que a função de João Batista como precursor do Messias seria remover os obstáculos, retirando falsos conceitos teológicos, e preparar um povo para a chegada do Messias.
Já a primeira referência é igualmente interessante, pois amplia o caráter e escopo da missão de João, o Batista. Esta é uma referência a Malaquias 3:1, que faz parte de uma secção que começa no verso 2:17 e vai até o fim do livro. Este bloco final do livro fala do Dia do Senhor como um evento em dois atos: A primeira vinda de Cristo e o dia escatológico do Senhor, por ocasião da segunda vinda de Cristo e encerra-se com o anúncio da obra ministerial de João Batista na primeira vinda de Cristo, em Malaquias 4:5-6, o mesmo texto que também é o anúncio da obra daqueles que prepararão um povo para se encontrar com Seu Deus imediatamente antes do retorno de Cristo nas nuvens dos céus.
Mas esta perícope final de Malaquias nos revela algo mais. Revela o conteúdo da mensagem a ser pregada, bem como o próprio caráter, daqueles que visam preparar um povo para se encontrar com o Senhor. Em Ml 4:5-6 lemos “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição.” João Batista viveu e pregou no espírito e caráter de Elias e nós devemos fazer o mesmo. E qual deve ser o conteúdo de nossa mensagem? A nossa mensagem deve ser uma mensagem de reconciliação.
Comentando sobre este aspecto de nossa missão, Ellen White assevera que “A mensagem do terceiro anjo deve preparar um povo para subsistir nestes dias de perigo. Ele deve ser proclamada com grande voz e realizar um trabalho que poucos percebem” (Testimonies for the Church Volume 8, 2010, p. 94).
E sintomático que logo após a menção aos textos do AT, Marcos se detenha e detalhes pitorescos de João Batista.
É Sintomático o por que evangelista se preocupa em relatar detalhes tão particulares e aparentemente esquisitos como o que vestia e o que comia o profeta João. Isto revela que a mensagem do Evangelho deve ser vivida, como Paulo escreveria claramente anos mais tarde em @ Coríntios 3:2.
Por isso o evangelista destaca aqui dois itens bem representativos do estilo de vida do cristão. O primeiro aspecto é o vestuário. Por que João veste roupas de pele? Porque esta era a roupa característica do profeta e um símbolo de sua indenidade e autoridade. Veja o Exemplo clássico dos dois grandes profetas Elias e Eliseu (quando foi feito a transferência de ministério, Eliseu herdou a capa do profeta). Com isto, João ilustrou um dos quatro princípios Bíblicos concernentes ao vestuário: O princípio da propriedade, pois ele vestia o tipo de vestimenta esperado para o seu ofício. Este tipo de roupa também demonstrava sua humildade e simplicidade. Segundo as escrituras isto também é esperado de cada seguidor de Cristo. Devemos atender as nossas necessidades de proteção nos vestindo adequadamente, com simplicidade e humildade cristã.
O Segundo aspecto é o da Alimentação. Ninguém pode dizer ao certo, apenas a partir do texto bíblico, qual era a dieta do profeta. As duas interpretações possíveis são: (1) ele comia uma planta do deserto chamada de gafanhoto; ou (2) ele comia um inseto, que segundo Levíticos 11:20-23 era limpo e bom para se comer (diga-se de passagem um alimento nutricionalmente bem balanceado). Em qualquer caso, isto revela a preocupação do profeta (e do Evangelista) com este aspecto importante do estilo de vida: A alimentação.
Ellen White nos ajuda a entender sua dieta e o porque ele comia e vestia de maneira singular:
João se separou de seus amigos, e dos luxos da vida, morando sozinho no deserto, e subsistindo de uma dieta puramente vegetariana [não vegana, como muitos advogam]. A simplicidade de sua vestimenta – uma peça de roupa de tecido de pelo de camelo – era uma repreensão à extravagância e exibição do povo de sua geração, especialmente dos sacerdotes judeus. Sua dieta também, de gafanhotos e mel silvestre, era uma repreensão à gula que em todos os lugares prevaleceu.
O trabalho de João foi anunciado pelo profeta Malaquias: "Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor, e ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais ". Malaquias 4: 5 e 6 João Batista saiu no espírito e poder de Elias, para preparar o caminho do Senhor, e para ligar as pessoas à sabedoria dos justos. Ele era um representante dos que vivem nos últimos dias, a quem Deus confiou verdades sagradas para apresentar perante o povo, para preparar o caminho para a segunda vinda de Cristo. E os mesmos princípios de temperança que foram praticados por João devem ser observados por aqueles que em nossos dias devem advertir o mundo sobre a vinda do Filho do homem (Temperance, 2010, p. 91).
Tenha um bom dia hoje, vivendo o Evangelho de Cristo, anunciando-o àqueles que estão ao seu redor no espírito e no poder advindo do testemunho pessoal) de Elias até que Cristo volte. Bom dia para você!
#rpsp