O super indicado O JOGO DA IMITAÇÃO me pareceu uma versão mais ou menos adulta daqueles filmes de garotos que se reúnem para descobrir um segredo: onde está o dinheiro guardado do vovô ou qual a mensagem secreta contida na lata de biscoito. Só que aqui os garotos são um grupo de brilhantes matemáticos britânicos. E o enigma é o código de comunicação dos nazistas durante a II Guerra Mundial. A dramaturgia, porém, é a mesma. Há as rivalidades finalmente superadas pelo espírito de equipe, a tenacidade do herói a princípio incompreendido, a moça que ousa penetrar no Clube do Bolinha, etc. Tudo cheira muito mais a fórmula que a veracidade histórica, além de soar confuso e insuficiente na exposição das teorias de Alan Turing e do uso efetivo que se fez da decifração do código alemão. O filme se projeta para a adolescência de Turing e para o pós-guerra a fim de situar sua homossexualidade, que lhe valeu um fim trágico por obra das leis homofóbicas da Inglaterra de então. Mesmo nesse aspecto, o elogiado roteiro de Graham Moore me pareceu esquemático e sem muita imaginação, limitando-se a um tímido elogio do "diferente". Tampouco vi méritos suficientes que justifiquem as indicações de Benedict Cumberbatch e principalmente Keira Knightley aos Oscars. Quanto à trilha do prolífico Alexander Desplat, aprecio bem mais a que ele fez para “Invencível”, sem falar na magistral de “O Grande Hotel Budapeste”. O JOGO DA IMITAÇÃO é talvez o filme mais superestimado da safra.

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