SR. KAPLAN funciona bem quando assume ares de comédia. Afinal, ter um idoso pacato e um ex-policial trapalhão reunidos na caça a um ex-nazista, ecoando mais Dom Quixote e Sancho Pança do que Simon Wiesenthal, é um belo argumento cômico. O diretor uruguaio Álvaro Brechner explora isso bem, mas não se permite fazer exatamente uma comédia. Quer ser dramático também e falar sobre harmonia familiar, recuperação da dignidade e questionamento de convicções arraigadas. Aí SR. KAPLAN deixa à mostra uma grande fragilidade por tratar todos os seus personagens como estereótipos de fraqueza humana recoberta por bons sentimentos. O saldo desse balanço é um filme que, embora simpático, força um pouco a passagem por entre perdas de força, quebras de ritmo e fissuras na credibilidade. Não é estranho ao filão atual dos filmes de positivação da terceira idade, em que as potências da vontade não se curvam à debilidade do corpo.

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