Achei injusto o bonequinho adormecido que o crítico de O Globo conferiu a O DUELO. Embora haja um gostinho ultrapassado no confronto entre o comandante de navio cheio de histórias de aventura e romance e seu rival que teima em desmascará-lo como impostor, o filme de Marcos Jorge dribla essa limitação com uma saudável abordagem lúdica. A trama de "Os Velhos Marinheiros", de Jorge Amado, ganha uma versão sem cara de televisão – qualidade nada desprezível no contexto do cinema brasileiro mainstream atual. O DUELO é cinema de verdade na fluência de sua narrativa e na divertida interpenetração dos tempos. A ideia é que o poder de uma história bem contada oralmente pode tornar os fatos presentes ali mesmo onde é ouvida. Para isso concorre também a trilha musical, quase onipresente, com menções explícitas ao cinema italiano, especialmente Nino Rota. O elenco está bem, com destaque para os "antagonistas" Joaquim Almeida e José Wilker. A coprodução luso-brasileira, capitaneada pela Total Entertainment, chega a ser luxuosa e permite a Marcos Jorge exercitar seu gosto pela imagem onírica. Apesar de algumas pequenas "barrigas" e um humor que nem sempre atinge o alvo, o filme merece ser visto com atenção.

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