Se você aprecia comédias dramáticas sobre a vida ordinária na Escandinávia, então não perca HAPPY, HAPPY. Ali tem tudo o que você espera: casais expondo sua roupa suja ao redor da mesa de jantar, impasses sexuais resolvidos ali mesmo no corredor, traições sendo submetidas a terapia, confissões em horas impróprias e arranjos de convivência nas horas próprias. Como cereja do bolo, um menino branco que teima em brincar de escravo com um garoto negro.
Embora os dois casais vizinhos e seus filhos estejam afastados de qualquer meio social mais amplo, o filme de Anne Sewitsky lida com padrões da sociedade norueguesa, onde a aparência de normalidade e perfeição pode ser apenas uma casca fina de gelo a encobrir a pedra dura das disfunções e dos segredos dissimulados. Um misto de gravidade e leveza, também muito típico do cinema escandinavo, nos embala entre o huis-clos tenso dos casais e o alívio irônico das canções de um quarteto que parodia os quatro protagonistas. O filme me lembrou um ditado chileno recentemente divulgado no Facebook por Vinícius Reis: "Amor de lejos, felices los cuatro" (Amor de longe, felizes os quatro).

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