Uma pílula sobre UM DIA DIFÍCIL, comédia policial coreana


Não é fácil morrer ou estar morto no cinema coreano. Hitchcock já havia explorado essa dificuldade em O Terceiro Tiro e Festim Diabólico. A comédia policial UM DIA DIFÍCIL, em cartaz somente no Cine Joia, tem elementos hitchcockianos levados ao paroxismo típico da produção de Seul. Nesse fatídico dia do título, um detetive tem que lidar com o funeral da mãe, um atropelamento casual, a ocultação de um cadáver, as suspeitas que recaem sobre ele, as chantagens dos colegas corruptos e ainda as ameaças de uma testemunha que pode incriminá-lo. Ou seja, os ingredientes típicos da receita coreana de clichês de ação, violência maníaca e humor negro, tudo servido naquele tom meio alucinado e maquínico que faz os atores se assemelharem a bonecos movidos por controle remoto. Para quem tolerar os exageros e o ritmo incessante, há a compensação de situações cômicas eficientes e a técnica ágil que entretém todo o tempo. Entre as matrizes perceptíveis no filme de Kim Seong-hoom estão, além de Hitchcock, os Irmãos Coen (especialmente "Gosto de Sangue"), "Missão Impossível" e as extravagâncias de John Woo.

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